




Pesquisa-ação? O que é?
A pesquisa científica é um assunto que geralmente provoca muitas dúvidas em estudantes, afinal, existem tantas metodologias diferentes. Neste artigo, vamos explicar melhor o método da pesquisa-ação. Interessado sobre o assunto? Saiba mais sobre o assunto abaixo.
Diogo Luiz Lima Augusto
8/8/20204 min read
Todo estudante, ao desenvolver alguma pesquisa, já sabe que terá, obrigatoriamente, um encontro, algumas vezes não tão agradável, com a famosa metodologia científica. Ela costuma assustar os menos preparados, no entanto, não é tão complicada quanto parece. A elaboração de um TCC, artigo acadêmico, dissertação de mestrado e tese de doutorado exige, necessariamente, a escolha de alguma metodologia, ainda que não esteja explícita.
A pesquisa acadêmica, em última instância, inicia com perguntas e hipóteses. A abordagem destas perguntas e hipóteses será definida, por sua vez, pela escolha de um método de pesquisa. Muitos são os métodos científicos e, de uma maneira geral, é comum separá-los em duas classificações: a qualitativa e a quantitativa. Isto não significa, todavia, que esta classificação seja fechada e sem possibilidade de trânsito entre tais diferentes abordagens. Com efeito, não é difícil encontrar pesquisas que dialogam tanto com a abordagem qualitativa quanto com a quantitativa. Dentro dessa dupla classificação, as possibilidades de abordagens são diversas. Aqui, de maneira pormenorizada, vamos dissertar acerca de um tipo de pesquisa qualitativa: a pesquisa-ação. A pesquisa-ação não é uma novidade no campo científico, no entanto, vem adquirindo, atualmente, um espaço de destaque no meio acadêmico, especialmente por conta do crescimento dos mestrados de caráter profissional.
Um dos objetivos da pesquisa-ação é, em última análise, investigar uma determinada prática a fim de melhorá-la. No entanto, é, sem dúvida, tarefa complicada definir os pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa-ação. Segundo David Tripp, a dificuldade de definição acerca desta pesquisa encontra-se, especialmente, no caráter plural do método e em sua aplicabilidade diversa (TRIPP, 2005). Assim, malgrado a diversidade dos tipos de pesquisa-ação, acreditamos ser possível delinear uma conceituação acerca da pesquisa-ação.
Segundo Michel Thiollent, a pesquisa-ação é orientada para a resolução de problemas e a transformação das práticas investigadas (THIOLLENT, 2011). René Barbier, outro estudioso importante acerca desta temática, parte de uma visão muito próxima a Thiollent. De fato, para Barbier a pesquisa-ação apresenta uma natureza diversa dos outros métodos das ciências sociais, pois ela, necessariamente, busca a mudança (BARBIER, 1996). Em outros termos, sua orientação é servir como instrumento de mudança da prática analisada.
Como se pode inferir, não basta, contudo, a utilização das teorias acadêmicas como forma de transformação da prática. De fato, é exigido, neste método de pesquisa, não somente uma transformação da prática, mas também dos próprios pressupostos teóricos. A pesquisa-ação, como parte de um processo mais amplo de investigação-ação, busca um aprimoramento da prática e das condições da investigação. O que está subjacente, aqui, é a compressão de que as mudanças são reativas e cabe ao pesquisador analisá-las (TRIPP, 2005).Na esteira de David Tripp, nota-se que a pesquisa-ação possui um caráter proativo em relação à mudança. Toda e qualquer mudança, alcançada através da intervenção da pesquisa, é, a rigor, uma ação estratégica de compreensão do objeto analisado. Muitas vezes só é possível compreender a natureza de algum objeto analisado quando observamos a reação após tentarmos mudá-lo em alguns aspectos (TRIPP, 2005).
Como sugere René Barbier, o pesquisador, segundo este método de análise, deve ser um participante engajado que aprende com a própria pesquisa e, por sua vez, renova seus pressupostos teóricos (BARBIER, 1996). O objeto de pesquisa, desta feita, é elaborado na dialética da ação. Isto exige, necessariamente, uma “estrutura de aprendizagem conjunta” (THIOLLENT, 2011, p. 76). Em síntese: a transformação da prática e a pesquisa de caráter colaborativo são, ao nosso juízo, os aspectos principais da pesquisa-ação.
Referências:
BARBIER, R. A pesquisa-ação. 1. ed. Brasília: Plano, 2002.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. 18. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e pesquisa, v. 31, n. 3, p. 443-466, 2005. https://doi.org/10.1590/S1517-97022005000300009.










