Rimas amazônicas

Título: Rimas amazônicas
Organizador: Nilton Azevedo
ISBN: 978-65-87207-38-4
Ano: 2020

Na capa desse livro já é possível encontrar um punhado da alma de muitos brasileiros que transitam no universo simbiótico que une o norte e o nordeste brasileiro. Desta fusão quase magnética, da qual faço parte (minha mãe é amazonense e meu pai é cearense), surgiu a obra que tenho a grande alegria de prefaciar: Rimas Amazônicas:Antologia de Cordel.

Nas páginas seguintes, encontrarão, a cada respirar, a beleza poética e a arte de rimar.

Mas, muito além disso, está a rica narrativa poética que, certamente, encantará os leitores que deslizarão seus olhos pelas letras miúdas que revelam a beleza e a grandeza genuína do Cordel. São nove textos autorais inéditos que trazem além de histórias, a musicalidade da rima. E já vou lhes dizer:

- Dá até para ler cantando.

O livro começa com o cordel que traz a narrativa sobre assassinatos na Floresta Amazônica, evidenciando aos leitores as cruéis disputas por terra que marcam o território da exuberante floresta disputada pela maldade humana, retratada em O Assassinato da Irmã Cleusa.

Logo em seguida, vem João da Luz com as suas artimanhas para entrar no céu. É provável que ele seja um parente muito próximo de João Grilo do Auto da Compadecida, criação do gênio nordestino Ariano Suassuna, tenho dito.

O cordel que traz por título O Coveiro surpreende ao mostrar o legado daquele que possui a arte de “jogar o barrinho derradeiro”. Já em A Sina de Josevaldo temos a história do franzino e valente Josevaldo do sertão do Ceará, aconselho abrir seu coração para cada Josevaldo que encontrar.

De José: Origem e Sonho temos a história bíblica de José do Egito rimada e sentida com riqueza e beleza de detalhes, que convida a todos os homens a entender o poder da fé, da esperança e da paciência em Deus. O que vem depois é um verdadeiro tratado sobre Envelhecer no Vale, fazendo-nos refletir sobre os caminhos a serem percorridos no inverno da vida.

Com o Objeto Voador Não Identificado sabemos dos detalhes novelescos de um amor entre um jovem casal sob os costumes do bom amancebo amazônico.

Em O Cafajeste, o leitor se torna confidente do autor que conta a falta de honradez de um homem ao engravidar uma bela moça. Esse mesmo autor traz O Fofoqueiro que descreve com riquezas de detalhes a má fama daquele que vive a espiar e a falar mal dos outros.

Estimados e pretendidos leitores, o que descrevo é uma gota de orvalho comparada ao esplendor de uma chuva amazônica forte e revigorante que simboliza a leitura da obra completa. Então não se acanhe, tome esse banho de cordel e desfrute do banzeiro das rimas que a obra oferece.

Suelem Maquiné

Tianguá-CE, julho de 2020.